Crítica - Onde Vivem os Monstros

terça-feira, maio 11, 2010
O FILME INFANTIL MAIS ADULTO DO CINEMA...


Where The Wild Things Are, de Maurice Sendak, é um daqueles livros infantis obrigatórios nos Estados Unidos. O autor economiza nos textos e abusa das imagens de página inteira pra contar a história de Max, um menino que, depois de suas bagunças, fica de castigo no quarto, sem comida, e cria um mundo onde tudo o que ele imagina fosse possível, e que ele pudesse fazer o que quisesse. 

Para adaptar aos cinemas, Spike Jonze precisou de uma certa liberdade poética e de uma boa dose de interpretação, já que o livro original tem pouquíssimos textos e pode ser terminado em três minutos. Aqui, Max (Max Records) continua sendo uma criança muito criativa, mas que não tem a atenção que desejava. Talvez por isso, extrapola em suas malcriações e, em uma feia discussão com a mãe, acaba fugindo de casa até encontrar um barco que o leva à terra onde vivem os monstros. 

O ponto mais forte do longa, é a maneira como a história se desenvolve, fazendo paralelos entre os monstros e a personalidade de Max, e como tudo acaba se tornando uma metáfora para o crescimento de uma criança. O principal monstro, Carol, por exemplo, é o reflexo de Max, com seus desejos de manter todos unidos, ainda que assim acabe machucando alguém. Há ainda o carente Alexander, a agressiva Judith, o criativo Ira, o melancólico Touro e o companheiro Douglas. Já a KW se destaca das outras criaturas, por ser indiferente ao comportamento do garoto, fazendo um papel materno. 

É interessante ver, quando o menino está na terra imaginária, como tudo o que ele planeja e diz é aceito pelas criaturas. Provavelmente você já se viu em uma situação em que falou algo super interessante (na sua opinião) e ninguém te deu ouvidos. Quando perguntam de onde Max veio, por exemplo, o garoto solta toda sua imaginação contando histórias sobre vikings, reinos e poderes mágicos. E, diferente do que aconteceria na sua casa, seus novos amigos acreditam em suas invenções. 

A trilha sonora ficou à cargo de Karen O., e ela consegue transpor todo aquele sentimento de euforia nos momentos de diversão do menino Max. A música se encaixa perfeitamente nas horas mais alegres, como nas guerras com bolas de lama. Já em partes sérias ela destoa um pouco, mas de maneira até interessante. 

Jonze peca em alguns momentos, certos diálogos são um tanto desnecessários e o clima às vezes fica extremamente sério e adulto demais para um filme que, teoricamente, teria no público mais jovem, seu alvo. Falta um pouco daquela habilidade que a Pixar, por exemplo, tem de sobra para produzir um filme numa linguagem que tanto a criança quanto o adulto entendam. Acredito que um menino de 9 anos que veja Onde Vivem Os Monstros, vai achar divertido as cenas animadas, com músicas agitadas e monstros pulando pra todo lado, mas não vai entender a mensagem que o longa quer passar.


Se você não é uma criança, assista. Provavelmente vai absorver bem as metáforas e se emocionar em algumas cenas. Já se você tiver menos de dez anos, vai gostar de ver uma dúzia de monstros pulando pra lá e pra cá, só isso.

Nota: 8,0

2 comentários:

{ yanfalencar } at: 11/05/2010, 22:09 disse...

meo, queria assistir , ultimo filme quando criança meu foi Ponte para Terabítia ! *-*

Anônimo at: 14/05/2010, 21:27 disse...

Meu filho vc é um resenhista nato,pôrra!tô orgulhosa de vc. Parabéns! te amo!!
Mainha

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